sábado, 8 de outubro de 2011

alheamento

Meu corpo estiraçado, lânguido, ao longo do leito.

O cigarro vago azulando os meus dedos.

O rádio... a música...

A tua presença que esvoaça
em torno do cigarro, do ar, da música...

Ausência!, minha doce fuga!

Estranha coisa esta, a poesia,
que vai entornando mágoa nas horas
como um orvalho de lágrimas, escorrendo dos vidros
duma janela,

numa tarde vaga, vaga...



Fernando Namora, in Mar de Sargaços (Coimbra, 1940)

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